POLUIÇÃO VISUAL
O modo de vida, dito moderno,
bombardeia casa instante uma imensa quantidade impulso de propaganda. É assim
que o modelo econômico promove o consumismo desenfreado e exaure os recursos
naturais. Esse padrão de destruição do meio ambiente vem tomando ares de
sofisticação em nossas ruas e avenidas: é o roubo de nossas paisagens naturais
e uma vestimenta dos prédios com vistosos apelos de consumo.
A poluição visual está completamente
fora do controle do poder público e as prefeituras não possuem mecanismo e meio
de normalizar, fiscalizar e punir esse desrespeito. E as Câmaras Municipais,
por sua vez, continuam alheias a essa invasão do espaço público. Devem
portanto, o executivo e o legislativo municipais, urgentemente, criar normas
urbanísticas e ambientais que preservem as paisagens naturais e a ambiência
arquitetônica da cidade. Em alguns locais, como nas grandes avenidas, este tipo
de propaganda traz um grave perigo à segurança dos motoristas e pedestres. O
visual e, muitas vezes, mais interessante que o transito, tirando a atenção e
concentração. Por outro lado, os edifícios que até há poucos anos se
caracterizam como uma referência arquitetônica do espaço urbano, agora ,
empobreceram sua função, travestidos em suporte de “outdoor”, A cultura
capixaba, em sua vertente arquitetônica, independente de questão estéticas, não
merece esse tratamento de cabide.
Algumas referências paisagística e
históricas, como o Convento da Penha, parecem soterradas em letreiros e luzes de
boates, alheias à fé e à história. Placas luminosas de gosto duvidoso conseguem
descaracterizar a subida e a decida da 3ª ponte, enfeiando a paisagem de Vitória
e Vila Velha com uma situação de blasfêmia surrealista, pois o Convento da Penha
está emoldurado por painel com uma dama de calcinha e por um
espeto de churrasco: é a dupla tentação da carne. A deferência do capixaba com
seus símbolos ou a admiração da bela paisagem da sua cidade está engradeada em
apelos de consumo. Esse desrespeito deveria ser punido com o boicote do
consumidor, não comprando os produtos anunciados nestes locais.
A poluição visual está retirando a
referência emotiva dos monumentos arquitetônicos e naturais, diminuindo a
sensibilidade do cidadão com a sua cidade e o espaço público. É urgente e
necessária uma ação do poder público na preservação de nossas paisagens
naturais e de nossas referências espaciais urbanas. A violência na usurpação da
ambiência da cidade é um atentado contra todos os cidadãos e os representantes
do povo não podem continuar a se omitir.
Publicado em “A
Gazeta" 19/05/2003.
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