AQUAVIÁRIO E ENCHENTE METROPOLITANAS
Há muito tempo o sistema de transporte aquaviário na grande
Vitória era uma realidade no cotidiano urbano e na dinâmica metropolitana. O
aquaviário utilizava a baía de Vitória para fazer a integração dos municípios
de Vila Velha, Cariacica e Vitória. Havia um caminho que, na prática, derrubava
as fronteiras entre os municípios através desta via aquática. O contexto
regional era o principal norteador deste sistema, que ainda previa a integração
com os ônibus urbanos do Transcol. Havia, pois, a modalidade do aquaviário como
elemento complementar ao transporte terrestre. A paralisação das barcas se deu
por uma briga judicial e não pela sua inviabilidade técnica. E a questão
econômica pode ser equacionada na sua interligação com o Transcol. Portanto, a
integração dos sistemas terrestre, marítimo e fluvial deve ser condição para o
bom funcionamento do aquaviário e melhoria da mobilidade metropolitana.
A questão das enchentes
parece extemporânea, mas é uma solução complementar. O que poderia ser
considerado um problema para municípios da Grande Vitória, com seus territórios
quase ao nível do mar e com vários canais de drenagem, apresenta-se como uma
solução para ampliar o sistema de transporte aquaviário. Explica-se: alguns
canais, como o do Rio Aribiri e do Rio Marinho, cortam vários bairros
populosos. A solução das enchentes passa pela dragagem, contenção das margens e
até aprofundamento dos canais, para transformá-los em uma via aquática com
novas interligações aquaviárias. No entanto, se essas obras de saneamento
fossem executadas com uma visão complementar para abrir novas linhas de
transportes fluviais, poder-se-ia resolver dois problemas de uma vez.
Essa ideia, de usar os
canais de drenagem para transporte de carga e passageiros já foi utilizada
pelos jesuítas, na época da colonização do solo capixaba. Portanto, o ceticismo
não é suficiente para inviabilizar um estudo mais aprofundado sobre essa
alternativa, que já funcionou bem antigamente e poderá ser um canal para o
futuro do transporte coletivo. Por outro lado, aos metidos a cosmopolitas cabe
o argumento de que várias cidades europeias, como Paris, Amsterdã, Veneza e
outras têm sistemas de transportes fluviais de passageiros em canais que também
servem para drenagem.
É necessária uma atuação decisiva
do Governo estadual, em conjunto com as prefeituras metropolitanas, para
equacionar o problema, elaborar projetos, estabelecer parcerias e
co-responsabilidades na gestão do transporte coletivo terrestre, marítimo e
fluvial metropolitano. A mudança de paradigmas, para incorporar novas ideias, pode
ajudar na solução e propiciar um modelo institucional moderno, com uma
racionalização do sistema e melhor atendimento à população.
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