quinta-feira, 14 de janeiro de 2016


 AQUAVIÁRIO E ENCHENTE METROPOLITANAS
Há muito tempo o sistema de transporte aquaviário na grande Vitória era uma realidade no cotidiano urbano e na dinâmica metropolitana. O aquaviário utilizava a baía de Vitória para fazer a integração dos municípios de Vila Velha, Cariacica e Vitória. Havia um caminho que, na prática, derrubava as fronteiras entre os municípios através desta via aquática. O contexto regional era o principal norteador deste sistema, que ainda previa a integração com os ônibus urbanos do Transcol. Havia, pois, a modalidade do aquaviário como elemento complementar ao transporte terrestre. A paralisação das barcas se deu por uma briga judicial e não pela sua inviabilidade técnica. E a questão econômica pode ser equacionada na sua interligação com o Transcol. Portanto, a integração dos sistemas terrestre, marítimo e fluvial deve ser condição para o bom funcionamento do aquaviário e melhoria da mobilidade metropolitana.
A questão das enchentes parece extemporânea, mas é uma solução complementar. O que poderia ser considerado um problema para municípios da Grande Vitória, com seus territórios quase ao nível do mar e com vários canais de drenagem, apresenta-se como uma solução para ampliar o sistema de transporte aquaviário. Explica-se: alguns canais, como o do Rio Aribiri e do Rio Marinho, cortam vários bairros populosos. A solução das enchentes passa pela dragagem, contenção das margens e até aprofundamento dos canais, para transformá-los em uma via aquática com novas interligações aquaviárias. No entanto, se essas obras de saneamento fossem executadas com uma visão complementar para abrir novas linhas de transportes fluviais, poder-se-ia resolver dois problemas de uma vez.
Essa ideia, de usar os canais de drenagem para transporte de carga e passageiros já foi utilizada pelos jesuítas, na época da colonização do solo capixaba. Portanto, o ceticismo não é suficiente para inviabilizar um estudo mais aprofundado sobre essa alternativa, que já funcionou bem antigamente e poderá ser um canal para o futuro do transporte coletivo. Por outro lado, aos metidos a cosmopolitas cabe o argumento de que várias cidades europeias, como Paris, Amsterdã, Veneza e outras têm sistemas de transportes fluviais de passageiros em canais que também servem para drenagem.
É necessária uma atuação decisiva do Governo estadual, em conjunto com as prefeituras metropolitanas, para equacionar o problema, elaborar projetos, estabelecer parcerias e co-responsabilidades na gestão do transporte coletivo terrestre, marítimo e fluvial metropolitano. A mudança de paradigmas, para incorporar novas ideias, pode ajudar na solução e propiciar um modelo institucional moderno, com uma racionalização do sistema e melhor atendimento à população.


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