domingo, 17 de janeiro de 2016

O PORTO E A PORTA DE VITÓRIA
A Vila da Ilha de N. Senhora da Vitória nasceu do porto. O cais foi porta privilegiada que ligava a colônia ao velho mundo. A cidade-porto cresceu até começarem os conflitos pela falta de espaços para expansão das atividades urbanas e portuárias. A partir da década de 80 iniciou-se um processo de esvaziamento e deterioração qualitativa do centro. Houve um deslocamento das suas funções urbanas típicas para a região norte-litorânea da ilha e criou-se um novo centro metropolitano na Enseada do Suá.
Com a ideia de revitalização do antigo centro, surge a proposta de utilização dos galpões do porto para atividades culturais, artísticas e promoção do turismo. Entretanto, esse projeto tem um ponto de vista urbanístico desfocado, pois pretende criar uma atividade em detrimento de outra. Parece também equivocado ao basear-se no fato de que outras cidades fizeram o mesmo com seus antigos portos, só que eram espaços que não cumpriram mais sua função. Não é o caso do porto de Vitória, imprescindível neste novo ciclo capixaba de desenvolvimento baseado no petróleo e na expansão. Parece ilógico “revitalizar” o antigo centro com atividades culturais e turísticas comprometendo a expansão dos serviços portuários. Deve-se, ainda, atentar para o fato de que muitos equipamentos de lazer e cultura já estão situados na Enseada do Suá, reforçando sua função de novo centro social e político. Até mesmo Jardim da Penha, com as dezenas de antigos Armazéns do IBC  e junto da UFES, poderia ser o novo centro cultural de Vitória.
O antigo centro perdeu sua função urbanística, mas manteve seu potencial portuário. As administrações da cidade e do porto precisam integrar seus objetivos para o desenvolvimento econômico e social. Dever-se-ia aproveitar a oportunidade desse rearranjo territorial da metrópole e revigorar  o antigo centro como espaço de suporte às atividades portuárias e petrolíferas. Poder-se-ia, através  do PDU e do Código tributário, incentivar a implantação de serviços de comércios, de despachantes, de suprimentos, de escritórios aduaneiros, de empresas de logística e de muitas outras atividades culturais e turística? Ou apoiar as potencialidades portuárias, petrolíferas e de exportação não revitalizaria ou requalificaria melhor esse espaço? Ou com o uso do espaço para lazer e turismo fechar-se-ia a porta ao novo ciclo de desenvolvimento baseado no porto?

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