CENTRO DA METRÓPOLE
A Região Metropolitana da
Grande Vitória (RMGV) cada vez mais se concretiza como centro de negócios
conectado aos mercados nacional e internacional. Concorre para isto uma posição
estratégica geograficamente com diversos equipamentos institucionais, serviços
e comércios, modernos sistemas de transporte e comunicação, além de um complexo
portuário.
A região possui fortes empreendimentos
nas áreas de petróleo e gás, siderurgia, mineração, logística, energia e
construção civil que têm feito da Grande Vitória uma das regiões de maior
dinamismo econômico do país. Além disso, é um centro de negócios, de serviços e
comércio de grande complexidade. Para atender aos processos empresariais,
escolas técnicas federais, centros de formação e instituições de ensino
superior preparam e qualificam mão-de-obra para os mais diversos setores de
atividade econômica.
Os municípios que formam
a metrópole capixaba têm o seu território historicamente adaptado a uma função
potencial dentro da região. Assim, Vitória se consolidou enquanto centro
institucional-administrativo, de comércio e serviços do século XVIII até a
década de 80, representando o centro dinâmico da região. Vila Velha se
especializou na função de cidade-dormitório atraindo grandes conjuntos habitacionais
na década de 50 a 80, complementando espacialmente esta necessidade
metropolitana em razão da implantação dos grandes projetos. A Serra foi potencializando seu papel
industrial e de logística da região ao longo das décadas de 60 a 90. Cariacica
ficou como outra cidade periférica da capital e como porta da cidade no eixo
rodoferroviário da BR 262 e Estada de Ferro, com a função expansão residencial
de baixa renda desde a década de 50 até os anos 80. Viana, ainda distante, mas
no eixo da BR 262 orbitava com a função de cinturão verde agroindustrial e de
abastecimento da metrópole desde a década de 70.
No entanto, a partir do
acentuado processo de urbanização da RMGV, na década de 80/90, as funções
urbanas foram se alterando. Deste modo, a capital perdeu a exclusividade como pólo
de comércio para outras áreas e municípios. Surgiram fortemente dinamizados os
centros de comércio em Vila Velha-Glória, Cariacica em Campo Grande e na Serra
em Laranjeiras e Carapina. Neste contexto, a função de serviços, que estava
concentrada no território da capital, também foi migrando para as proximidades
desses novos centros regionais.
E hoje a cidade de
Vitória vem perdendo sua capacidade de atrair novos empreendimentos comerciais
e de serviços com a complexidade necessária aos novos arranjos espaciais das
metrópoles globais. Isto se deve às dificuldades da mobilidade na RMGV, à falta
de terrenos vazios nas áreas com essa potencialidade e à falta incentivos urbanísticos
para adensamento e verticalização do plano diretor nestas áreas propícias de
centralidade. A Enseada do Suá, que foi planejada na década de 60 para ser esse
novo centro, vem encontrando resistências para assumir seu potencial de
centralidade adensado e verticalizado.
A função de uma
metrópole, mesmo que polinucleada com comércio e serviços em outros municípios,
comporta uma região empresarial, com serviços e comércios altamente
especializados caracterizando sua centralidade. É assim que historicamente os
grandes centros metropolitanos no mundo se estruturam espacialmente para a
competição global. Essa é uma reflexão que a sociedade precisa iniciar e os
governos municipais e estadual necessitam urgentemente estabelecer um processo
de planejamento para o desenvolvimento sustentável da metrópole capixaba.
Antonio Chalhub – Mestre em Urbanismo com pós-graduação em
Políticas Públicas e em Gestão Ambiental. www.antoniochalhub.com.br
Muito interessante o texto, Antonio Chalhub!
ResponderExcluir"E hoje a cidade de Vitória vem perdendo sua capacidade de atrair novos empreendimentos comerciais e de serviços com a complexidade necessária aos novos arranjos espaciais das metrópoles globais. "
Esse fragmento aponta uma situação real e condiz com o que venho "assistindo" a respeito de Vitória. Parabéns! Um grande abraço!
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirTemos de encontrar o caminho para retomar o protagonismo de nosso capital.
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