AGENDA METROPOLITANA
A
discussão sobre a Região Metropolitana da Grande Vitória (RMGV) pode ser
retomada este ano pelo Governo estadual com a obrigação pela Lei federal de
elaboração de um Plano Diretor Metropolitano, no entanto deve ser contaminada novamente
pela eleição municipal. Até hoje o Governo não teve um equacionamento
competente deste problema para institucionalizar efetivamente uma ação conjunta
dos municípios da região metropolitana. A situação de caos urbano nesse
aglomerado está diretamente relacionada com a diversidade de interesses
políticos dos prefeitos. Ou seja, é uma questão de poder dos feudos municipais.
O
poder para se materializar precisa de um espaço territorial, político e
institucional. Os prefeitos têm o poder sobre seu território garantido pela
autonomia municipal prevista na Constituição. O domínio político é, pois,
reflexo dessa territorialização e das relações estabelecidas e garantidas pelas
instituições democráticas em nível municipal.
A
constituição prevê a criação de regiões metropolitanas pelo Governo estadual,
mas não estabelece uma definição clara em que nível de poder estará alicerçado.
Isto é, o sistema político brasileiro define três níveis de poder: a União, os
Estados e os municípios.
Não
há, pois, esfera de poder onde se encaixariam as administrações das metrópoles.
Pode-se depreender que estas seriam um sistema hídrico entre o poder estadual e
o poder municipal, no entanto ainda sem o respaldo legal atualmente. Esse
assunto deve ser tema de uma urgente lei federal, ou emenda constitucional para
o reconhecimento das metrópoles brasileiras como um novo ente de poder
institucional.
Enquanto
isso não vem, deve-se buscar a única alternativa para a solução dos graves
problemas da RMGV, qual seja, ma cooperação entre os municípios para melhorar o
atendimento dos serviços públicos de interesses comuns. A integração de fato da
comunidade metropolitana da Grande Vitória se dá através das atividades urbanas
interdependentes e dos meios de comunicação de massa. Este espaço político está
além dos limites municipais. Dessa forma, os conflitos dos interesses políticos
são exagerados para demarcar espaços de atuação eleitoral com repercussão em
nível estadual.
Portanto,
em um ano eleitoral e com vários deputados candidatos a prefeito, não se deve
esperar que aprovem a diminuição do poder administrativo de seus municípios.
Também a Assembléia terá seu ritmo de trabalho prejudicado, com os ânimos
acirrados e um calendário encurtado pela campanha eleitoral. Por outro lado, se
insistir em um novo projeto de lei sem os necessários cuidados técnicos e
atropelando os interesses municipais, o governo correrá o risco de vê-lo
rejeitado ou, pior, virar “letra morta” como os anteriores.
Uma
agenda metropolitana para equacionamento dessa questão poderá ser o início de
um entendimento que viabilize uma cooperação técnica intermunicipal, evoluindo
para uma ação político-administrativa que torne realidade um governo
metropolitano.
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