CIDADE DIGITAL
A quarta revolução
industrial, na forma digital/tecnológica, e que está em andamento irá produzir
grandes abalos nas atividades sociais e econômicas, conseqüentemente, no
território das cidades. As inovações tecnológicas dessa nova era digital, em função
de sua escala global e da sua forma abrangente que avança em todos os setores
da vida, bem como sua complexidade e velocidade, transformarão os espaços e a
vida da humanidade. E as cidades serão grandemente impactadas, na medida em que
este é o espaço privilegiado onde se concentram as principais atividades humanas.
A vida urbana será
afetada no seu sentido de pertencimento e vizinhança, ou o morar e conviver, quando
não mais depender da proximidade física; mas sim de uma comunidade virtual conectada
em uma plataforma digital. A cidade será modificada quando o trabalho for
robotizado e as plantas industriais não mais necessitarem de grandes fluxos de
trabalhadores se deslocando entre regiões. O comércio não dependerá de espaços
concentrando mercadorias e pessoas, pois os sistemas de logística e a
experimentação virtual de objetos permitirão juntar todos em um mercado
virtual. A indústria com a produção de objetos personalizados em impressoras 3D
serão espaços integrados na estrutura urbana e não mais imensas fábricas nas periferias. Os veículos autônomos alterarão
substancialmente a mobilidade urbana e a gestão das ruas e avenidas, na mesma
medida em que mudará o conceito de veículo como patrimônio individual. Os espaços de moradia
serão um misto de viver, trabalhar e lazer com a inteligência artificial e a
internet das coisas. Todas essas possibilidades trarão mudanças profundas e
rupturas no morar, na produção, no trabalho, no consumo, no lazer, nos transportes e sistemas
logísticos, ou seja, provocarão impactos e descontinuidade nas funções e no
território das cidades.
A história mostra que
as cidades tiveram apenas três dessas grandes rupturas espaciais. A primeira,
na sua origem, quando as muralhas definiam um espaço de segurança e da administração
centralizada, marcando a diferença com a atividade do campo. A segunda, na
revolução agrícola, depois da idade média, onde estavam se formando os estados
nacionais expandindo e demarcando fronteiras e permitiram que as cidades extrapolassem
os muros e se consolidassem como território do comércio e de serviços. A terceira,
na revolução industrial, quando o processo intensivo de urbanização, concomitante
com as grandes plantas industriais da produção em escala predominando no território, provocaram
intensas e profundas transformações nas cidades.
A quarta ruptura no
território das cidades já se avizinha com a nova revolução tecnológica/digital. As
cidades estão preparadas para enfrentar os desafios dessa nova era? O espaço poderá
ser planejado para as atividades nessa nova fase da humanidade? A civilização
urbanóide conseguirá adaptar seu território a essa nova forma de vida
digital/tecnológica?
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