A PÓLIS, A CIDADE E A URBE
A pólis é a
essência manifesta de uma vida organizada em sociedade. A instauração primeira
de um laço grupal e social da horda primitiva para, juntos, os seres humanos
criarem condições de sobrevivência, segurança e meios de produção para suas
necessidades vitais. As origens das cidades estão não só apenas nas ruínas de
muralhas e restos de alguns utensílios encontrados por arqueólogos. As pegadas
deixadas na domesticação da natureza e nessa forma de compartilhar os espaços
comuns devem estar alicerçadas na necessidade humana de viver em comunidade. A
vida social, como uma gênese da pólis,
deve ser uma característica arquetípica
da própria existência do ser humano como um novo paradigma.
A
criação do homem o coloca, desde o início, em um contexto de referência do
coletivo, de um outro ser e perante uma outra consciência. A percepção da
realidade é, portanto, a relação como uma externalidade do outro, do que está
fora e faz sentido à consciência. Antes de tudo tivemos uma predisposição para
a vida social compartilhada e um convívio grupal.
Ora, parece
haver uma intenção de convivência social e cooperação em um mesmo espaço para melhor
dominar a natureza. Essa organização em grupos sociais parece emergir de um
inconsciente primordial de luta pela vida contra a natureza. Entretanto, manter
a coesão de um grupo de indivíduos com interesses, às vezes, conflitantes
requer a imposição de uma força maior, uma autoridade politicamente reconhecida
por todos, ou quase. Assim, o domínio de um território por uma coletividade
está indissociavelmente condicionado ao poder de um, ou representação de uma
instituição, que concentra a força e impõe o interesse coletivo sobre o
individual.
A imagem desta
ordem social está, portanto, refletida no espaço desta pólis como um espírito humano.
Esta linguagem primordial da forma organizacional de uma sociedade é a função
primitiva da cidade como pólis. As estruturas imateriais criadas pelos
agrupamentos humanos para sua proteção e reprodução, com melhoria da
variabilidade genética e conseqüente aumento do sucesso de sobrevivência, foram
argamassa desse sentimento de territorialidade. A intuição de colonização em
comunidade e remodelação técnica do ambiente, como os castores e formigas, é
importante para depreender a função social de cooperação dos grupos humanos
para melhorar o habitat comum, criando um organismo político que se transformou
em cidade.
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