quinta-feira, 19 de outubro de 2017

A PÓLIS, A CIDADE E A URBE

A pólis é a essência manifesta de uma vida organizada em sociedade. A instauração primeira de um laço grupal e social da horda primitiva para, juntos, os seres humanos criarem condições de sobrevivência, segurança e meios de produção para suas necessidades vitais. As origens das cidades estão não só apenas nas ruínas de muralhas e restos de alguns utensílios encontrados por arqueólogos. As pegadas deixadas na domesticação da natureza e nessa forma de compartilhar os espaços comuns devem estar alicerçadas na necessidade humana de viver em comunidade. A vida social, como uma gênese da pólis, deve ser uma característica arquetípica da própria existência do ser humano como um novo paradigma

A criação do homem o coloca, desde o início, em um contexto de referência do coletivo, de um outro ser e perante uma outra consciência. A percepção da realidade é, portanto, a relação como uma externalidade do outro, do que está fora e faz sentido à consciência. Antes de tudo tivemos uma predisposição para a vida social compartilhada e um convívio grupal. 

Ora, parece haver uma intenção de convivência social e cooperação em um mesmo espaço para melhor dominar a natureza. Essa organização em grupos sociais parece emergir de um inconsciente primordial de luta pela vida contra a natureza. Entretanto, manter a coesão de um grupo de indivíduos com interesses, às vezes, conflitantes requer a imposição de uma força maior, uma autoridade politicamente reconhecida por todos, ou quase. Assim, o domínio de um território por uma coletividade está indissociavelmente condicionado ao poder de um, ou representação de uma instituição, que concentra a força e impõe o interesse coletivo sobre o individual.

A imagem desta ordem social está, portanto, refletida no espaço desta pólis como um espírito humano. Esta linguagem primordial da forma organizacional de uma sociedade é a função primitiva da cidade como pólis. As estruturas imateriais criadas pelos agrupamentos humanos para sua proteção e reprodução, com melhoria da variabilidade genética e conseqüente aumento do sucesso de sobrevivência, foram argamassa desse sentimento de territorialidade. A intuição de colonização em comunidade e remodelação técnica do ambiente, como os castores e formigas, é importante para depreender a função social de cooperação dos grupos humanos para melhorar o habitat comum, criando um organismo político que se transformou em cidade.

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