O IMAGINÁRIO DA CIDADE
O
imaginário da cidade é uma questão
característica da representação, como um mapa hologramático ou uma cartografia
simbólica de uma memória atemporal, manifestando-se no fazer histórico do
espaço urbano e na instituição de um universo de significações. No entanto, sua importância pode ser sentida nas iconografias, relatos,
descrições, mapas mentais, ou seja, produtos de subjetividade. Todas as expressões de arte são catalisadores dessa
formação imaginária da cidade, nas suas diversas formas representativas
(literatura, pintura, escultura, cinema, moda, mídia e etc), passando pela
educação formal, pelas manifestações populares (lendas, folclore, crendices,
mitos e etc), pela cultura erudita (clássicos, estética, academia, etc), pelas
novas tecnologias de informação e comunicação, chegando-se a uma identidade
cultural representada pelo patrimônio arquitetônico, paisagístico e
urbano. Os diversos cibermapas simbólicos produzidos, tais como marcas, filmes,
propaganda, mídias, brasões, folhetos turísticos, epítetos e outros elementos
de grande força imagética ajudam a compor esse imaginário. Essa ubiqüidade e
ausência do objeto como unidade, enquanto pluralidade social fragmentada, deixam
evidentes que o imaginário da cidade é apenas percebido com a onipresença de
nossa consciência corporificada em seu espaço-tempo.
A
cidade como produto do trabalho humano sobre o espaço se forma e se apropria
das memórias criadas pelas vivências
das comunidades e dos indivíduos. A cidade, pois, como manifestação da vida
social adquire um testemunho de memória coletiva com seus valores estéticos,
éticos e morais e é, pois, um fato artístico que, no fim, passa uma mensagem
simbólica. É um museu e um livro abertos e livres para os indivíduos nos
espaços públicos. Assim, estar-se-ia produzindo subjetividade o tempo todo e
essa é sua força imagética, pois seu espaço possui todos os seres humanos. A
cidade está no espaço da arte como obra coletiva e social, como manifestação do
espírito humano. O imaginário da cidade e seu patrimônio cultural
são elementos essenciais de re-ligação da memória afetiva de uma sociedade. E,
por meio da emoção, atribui-se novos valores e significados para os elementos
urbanos. Este caráter de uma “memória viva” pode ser expandido para toda a
cidade em sua função antropológica, enquanto uma identidade cultural da
comunidade e de pertencimento a um lugar.
A
cidade, ou porções espaciais dela, como patrimônios históricos são instituídos a posteriori pelos olhares e pensamentos
convergentes dos que escolheram determinados edifícios ou elementos urbanos
como representativos e significantes para uma comunidade. Portanto,
os patrimônios históricos e culturais de uma cidade têm valor como espaços de
memórias coletivas, pois açambarcam uma dimensão atemporal e afetiva de
mapeamento existencial e de permanência do ser coletivo. Com este caráter
universal torna-se suscetível de atributos e de juízos de valor. O tempo
histórico e a cultura agindo sobre o espaço urbano retro-alimentam a produção
do imaginário a cada nova geração que se sobrepõem na cidade e determinam novas
formas de apropriação do espaço. Estas aparecem através das conexões simbólicas
que a sociedade precedente estabeleceu como expressão de um fenômeno artístico,
arquitetural ou cultural, ou seja, como um testemunho daquele tempo-espaço
cidade e que nutre um sistema lógico prenhe de significados.
Nenhum comentário:
Postar um comentário