segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016


O IMAGINÁRIO DA CIDADE

O imaginário da cidade é uma questão característica da representação, como um mapa hologramático ou uma cartografia simbólica de uma memória atemporal, manifestando-se no fazer histórico do espaço urbano e na instituição de um universo de significações. No entanto, sua importância pode ser sentida nas iconografias, relatos, descrições, mapas mentais, ou seja, produtos de subjetividade. Todas as expressões de arte são catalisadores dessa formação imaginária da cidade, nas suas diversas formas representativas (literatura, pintura, escultura, cinema, moda, mídia e etc), passando pela educação formal, pelas manifestações populares (lendas, folclore, crendices, mitos e etc), pela cultura erudita (clássicos, estética, academia, etc), pelas novas tecnologias de informação e comunicação, chegando-se a uma identidade cultural representada pelo patrimônio arquitetônico, paisagístico e urbano.  Os diversos cibermapas simbólicos produzidos, tais como marcas, filmes, propaganda, mídias, brasões, folhetos turísticos, epítetos e outros elementos de grande força imagética ajudam a compor esse imaginário. Essa ubiqüidade e ausência do objeto como unidade, enquanto pluralidade social fragmentada, deixam evidentes que o imaginário da cidade é apenas percebido com a onipresença de nossa consciência corporificada em seu espaço-tempo.
A cidade como produto do trabalho humano sobre o espaço se forma e se apropria das memórias criadas pelas vivências das comunidades e dos indivíduos. A cidade, pois, como manifestação da vida social adquire um testemunho de memória coletiva com seus valores estéticos, éticos e morais e é, pois, um fato artístico que, no fim, passa uma mensagem simbólica. É um museu e um livro abertos e livres para os indivíduos nos espaços públicos. Assim, estar-se-ia produzindo subjetividade o tempo todo e essa é sua força imagética, pois seu espaço possui todos os seres humanos. A cidade está no espaço da arte como obra coletiva e social, como manifestação do espírito humano. O imaginário da cidade e seu patrimônio cultural são elementos essenciais de re-ligação da memória afetiva de uma sociedade. E, por meio da emoção, atribui-se novos valores e significados para os elementos urbanos. Este caráter de uma “memória viva” pode ser expandido para toda a cidade em sua função antropológica, enquanto uma identidade cultural da comunidade e de pertencimento a um lugar.

A cidade, ou porções espaciais dela, como patrimônios históricos são instituídos a posteriori pelos olhares e pensamentos convergentes dos que escolheram determinados edifícios ou elementos urbanos como representativos e significantes para uma comunidade. Portanto, os patrimônios históricos e culturais de uma cidade têm valor como espaços de memórias coletivas, pois açambarcam uma dimensão atemporal e afetiva de mapeamento existencial e de permanência do ser coletivo. Com este caráter universal torna-se suscetível de atributos e de juízos de valor. O tempo histórico e a cultura agindo sobre o espaço urbano retro-alimentam a produção do imaginário a cada nova geração que se sobrepõem na cidade e determinam novas formas de apropriação do espaço. Estas aparecem através das conexões simbólicas que a sociedade precedente estabeleceu como expressão de um fenômeno artístico, arquitetural ou cultural, ou seja, como um testemunho daquele tempo-espaço cidade e que nutre um sistema lógico prenhe de significados. 

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