A falência de Detroit, nos
USA, comprova que a cidade e a economia são interdependentes. O debate sobre a
cidade, ao longo das últimas décadas, tem sido feito como se seu espaço fosse
apenas de moradia e ampliação de áreas verdes. O urbanismo enquanto área do
conhecimento conceitua o urbano como território de uma economia baseada nas
atividades institucionais, administrativas, comerciais, industriais e de serviços.
As cidades foram se especializando em uma ou mais destas atividades,
estruturando seu território de acordo com o desenvolvimento da economia. A
cidade é uma infraestrutura de bens e serviços comunitários com função de gerar
riquezas, produzir renda para seus cidadãos e arrecadar tributos para
investimento em melhorias dos serviços urbanos. Como diria o mestre Milton
Santos, a cidade é uma “prótese” humana sobre a natureza para permitir a vida
em sociedade.
O discurso fundamentalista está paulatinamente sufocando as atividades econômicas no território urbano. Em processos recentes de planejamento urbano e na elaboração dos planos diretores municipais tem-se retirado silenciosamente do zoneamento urbanístico as atividades industriais e restringido enormemente aquelas comerciais. As atividades de serviços em simbiose com o comércio também estão sendo banidas e até proibidas nas legislações equivocadas com discurso torto da mobilidade.
Estão tratando as cidades
como se fossem um problema, e, na verdade elas são a dinâmica da vida em
comunidade, uma invenção de mais de 10 mil anos. As dificuldades de mobilidade
urbana, segurança, saneamento e outras apontadas não são apenas causados pela
cidade, mas são simplesmente problemas de má gestão das administrações
públicas. A retórica simplista da
“qualidade de vida nas cidades decorrente da preservação ambiental” está
retirando o essencial da vida urbana que é a concentração e complexidade das
atividades no território, característica essencial do desenvolvimento. É
necessário entender o território urbano como função econômico-social, pois de
outra forma estaremos matando a cidade.
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