sábado, 27 de fevereiro de 2016

A MORTE DA CIDADE
falência de Detroit, nos USA, comprova que a cidade e a economia são interdependentes. O debate sobre a cidade, ao longo das últimas décadas, tem sido feito como se seu espaço fosse apenas de moradia e ampliação de áreas verdes. O urbanismo enquanto área do conhecimento conceitua o urbano como território de uma economia baseada nas atividades institucionais, administrativas, comerciais, industriais e de serviços. As cidades foram se especializando em uma ou mais destas atividades, estruturando seu território de acordo com o desenvolvimento da economia. A cidade é uma infraestrutura de bens e serviços comunitários com função de gerar riquezas, produzir renda para seus cidadãos e arrecadar tributos para investimento em melhorias dos serviços urbanos. Como diria o mestre Milton Santos, a cidade é uma “prótese” humana sobre a natureza para permitir a vida em sociedade.

O discurso fundamentalista está paulatinamente sufocando as atividades econômicas no território urbano. Em processos recentes de planejamento urbano e na elaboração dos planos diretores municipais tem-se retirado silenciosamente do zoneamento urbanístico as atividades industriais e restringido enormemente aquelas comerciais. As atividades de serviços em simbiose com o comércio também estão sendo banidas e até proibidas nas legislações equivocadas com discurso torto da mobilidade.

Estão tratando as cidades como se fossem um problema, e, na verdade elas são a dinâmica da vida em comunidade, uma invenção de mais de 10 mil anos. As dificuldades de mobilidade urbana, segurança, saneamento e outras apontadas não são apenas causados pela cidade, mas são simplesmente problemas de má gestão das administrações públicas.  A retórica simplista da “qualidade de vida nas cidades decorrente da preservação ambiental” está retirando o essencial da vida urbana que é a concentração e complexidade das atividades no território, característica essencial do desenvolvimento. É necessário entender o território urbano como função econômico-social, pois de outra forma estaremos matando a cidade.

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