O
SILÊNCIO DE TÓQUIO
Algumas cidades
impressionam por edifícios e paisagens eloqüentes, mas o silêncio de Tóquio é
comovente. É o prenúncio de uma civilização onde a cultura do coletivo e do
respeito às pessoas e à natureza saltam aos olhos e aos ouvidos, mesmo no meio
de uma metrópole com milhões de pessoas e tráfego intenso. Isso que marcou
minha mente no passeio pelas ruas e avenidas de Tóquio apinhadas de gente e de
carros: o silêncio. Pode-se meditar no meio da cidade.
O caminhar nas ruas
centrais e de comércio é agradável, a conversa pode-se dar em tom baixo,
educado e cordial. Os carros não fazem barulho ensurdecedor, os motores são
mais silenciosos e não há uma poluição sonora de comércios e serviços. É
impressionante como a cultura e a educação de um povo podem promover uma grande
diferença na sua relação com o espaço da cidade.
Os parques e praças
são organizados e limpos com destaque para as plantas e a simplicidade de
materiais. São milênios de uma cultura budista e taoísta, onde a natureza representa
os deuses e estabelecem sua relação com o homem através das plantas, da terra,
da água, do ar e dos animais. A vida urbana é permeada por elementos naturais,
onde em vias agitadas com grande fluxo encontram-se becos que levam a pequenos
refúgios com jardins bem cuidados e um novo templo taoísta/budista.
Foi um grande susto
quando já estava em Tóquio um dia e ainda não tinha percebido essa diferença na
cidade. No fim do primeiro dia e fomos até ao distrito comercial em Shibuya,
com intenso tráfego de carros e pessoas, e no meio da rua conversávamos
tranquilamente em tom baixo quando ouvi um passarinho na árvore da avenida cantando.
Aquela visão do pássaro no meio de uma avenida com oito pistas de carro e
milhares de pessoas na rua e ouvindo seu canto que conseguia se distinguir
naquele mar de gente e carros foi algo transcendente. Demonstrou a diferença de
uma civilização humana com cultura, educação e cidade evoluídas: uma nova era.
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