CIDADE, POLÍTICA E POLÍCIA
Política vem do grego “pólis”, que é raiz da palavra cidade. A
polícia, termo também da mesma raiz grega, pode conter ainda o sentido de polir,
ou seja, apontar aquele elemento que lustra, estabelece limites de convivência e
controla a interação entre os cidadãos, tornando-os polidos e com os atributos
da urbanidade. Significa, ainda, o ordenamento e a contenção da postura das
pessoas em espaços públicos. Assim, a ação da polícia deve se igualar a um
processo que objetiva, em suma, criar as condições de civilidade na vida citadina.
A cidade é, pois, consequência
de um pacto social onde os limites são (im)postos pela representação normativa
e legal para separar a civilização da barbárie. Os espaços públicos requerem uma
forma de vida coletiva onde o controle social deve ser aceito tacitamente para
estabelecer uma ordem na desordem dos interesses individuais.
O convívio dos cidadãos
no território urbano está a cada dia mais sem mediação da segurança policial e
retornando à violência primitiva. Tempos estranhos estes em que vivemos, onde
as ruas são lugares de passagem fugazes e de medo, com trânsito lento e
confuso. E onde as praças ficam desertas de crianças, de namorados, de idosos
jogadores de dominó mas abrigam zumbis craqueiros e viraram um verdadeiro
deserto cívico.
A idade das trevas
flerta com a civilização como uma vanguarda do retrocesso, onde a intolerância
crescente das seitas pseudoreligiosas e do sectarismo político populista
destroem a capacidade de uso dos espaços urbanos públicos. A polícia na cidade
deveria ser um dos elementos essenciais para o ordenamento civilizatório, assim
como a educação social para a moral da vida em coletividade e na defesa dos
espaços públicos da cidade.
A política em nossas
cidades precisa ser resgatada como ação cívica efetiva do conjunto das
comunidades para a melhoria da qualidade de vida urbana. A política deve deixar de ser marqueteira e
buscar a gestão do território, com o convívio dos cidadãos nos espaços públicos
e a administrando do cotidiano da cidade.
Os prefeitos devem ser
percebidos como funcionários públicos, com função de melhorar a cidade e
cumprir estas metas em um mandato. Planos e programas de governo eleitoreiros,
descolados da realidade financeira da cidade devem ser tratados como propaganda
enganosa e ter penalidades no fim do mandato.
Os administradores das
cidades precisam de uma lei de responsabilidade eleitoral, onde as propostas
fantasiosas e não cumpridas representariam uma sanção de impedimento do
estelionatário político se candidatar a novo cargo público.
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